segunda-feira, 3 de junho de 2013


PARE O MUNDO QUE EU QUERO DESCER


É isso mesmo! Como escreveu e cantou Raul Seixas, em meados do século passado, eu também quero me ausentar um pouco deste mundo violento, insensato, desumano. É claro que gosto de viver – embora a morte não me assuste – e de que adiantaria com ela me amedrontar?! –, mas não estou mais conseguindo conviver com tudo que tenho presenciado. É demais!

Até pouco tempo atrás, tudo o que hoje me apavora, eram notícias veiculadas pela mídia, longe de mim, da minha família, da minha rua, dos amigos. Vejo, agora, que tudo mudou: sinto um medo racional que penso não ser apenas meu, mas de todas as pessoas que, como eu, sempre pautaram  a vida pela dignidade e pelo respeito ao próximo. Também me assusta a resposta que a natureza vem dando à irresponsabilidade como é tratada: a humanidade precisa dela, enquanto ela seguiria seu rumo muito bem e até melhor sem a presença do homem na Terra. Quanta ironia!

Mas o que realmente me amedronta? São tantas as minhas preocupações que cito apenas algumas dentre elas.

A destruição dos núcleos familiares; o desrespeito à pessoa humana, cujo bem-estar – e mesmo a vida – para alguns não vale absolutamente nada; a falta de segurança dentro e fora de nossas casas, o desrespeito a crianças e idosos; as drogas que aniquilam e matam; o desrespeito das pessoas consigo mesmas, a desonestidade nas diferentes esferas sociais. Tudo isso ainda sem falarmos nos grandes e pequenos gestos que redundam em imensas catástrofes; nas decisões governamentais mundo afora que a cada dia destroem mais e mais; nas diferenças religiosas que, em vez de disseminar o respeito mútuo, acirram ódios incontroláveis que destroem e matam em proporções cada vez mais assustadoras.

Esse é o desabafo de uma cidadã de 62 anos, filha, esposa, mãe, avó, irmã, sobrinha, tia, professora e servidora pública, hoje aposentada, que pensa ter pautado a sua vida pelos princípios éticos e morais com quem tem convivido ao longo dos anos, tanto intra como extramuros.


                                             Amorosamente,  Aliris
                                                                                1º/ 05/2010


P.S. Hoje, 25 de maio de 2013, ao escolher este texto para compartilhar com meus leitores, como há três anos, reafirmo minha disposição de pedir que o mundo pare para eu descer, ou seja, literalmente, me ausentar do que me amedronta, para expressar em uma só palavra: da violência. Constatei que passou algum tempo e nada mudou, pelo contrário, os meus medos se mantêm e, em muitos casos, muito maiores do que em 2010.