terça-feira, 27 de março de 2018






... e a história continua a mesma

Marielle, como todos os brasileiros de bem, chorei o teu covarde assassinato. Meu sofrimento foi pungente porque vivenciei o fato como mulher, mãe de família, profissional (hoje aposentada) e, sobretudo, como sobrinha de Helena Ferrari, uma das primeiras vereadoras brasileiras, eleita, em 1951, pelo, então, Partido Trabalhista Brasileiro para seu primeiro mandato em Santa Maria.
Minha tia não levou tiros como tu, Marielle; ela foi sendo morta covardemente, um pouco por dia, perseguida pela sua audácia, pelo seu destemor de apontar o dedo à corrupção e aos mandos e desmandos, mas, principalmente, pelo preconceito, pela impossibilidade de realização de seus mais legítimos direitos. Enfim, por ser mulher!
Helena Ferrari sofreu muito e não mais suportando o embate de cada dia, se “exilou”, em pequeno espaço de uma residência da família, na rua Tuiuti, até que a demência por Alzheimer, certamente, a fez menos infeliz pelo esquecimento característico da doença.
Marielle, assim como minha tia Helena e tantas outras mulheres, vocês foram mártires de uma causa e deixaram um legado inestimável: abriram caminhos para outras mulheres que ainda lutam e lutarão por um mundo melhor e mais justo.  

Aliris Porto Alegre dos Santos





Publicado no Diário de Santa Maria, em 26.03.2018.