segunda-feira, 25 de maio de 2015


SONHO DE ONTEM... REALIDADE DE HOJE




         Quando acontecem fatos que nos parecem tanger o irreal, costumamos lembrar Shakespeare, em diálogo de Hamelet com Horácio: “Entre o céu e a terra há muito mais coisas do que sonha nossa filosofia.” O adjetivo “vã” foi acréscimo brasileiro à linguagem tão substantiva do dramaturgo inglês. Mas, com ou sem “vã”, a frase serve para encerrarmos qualquer assunto sem muitas explicações.
         Ao conversar com crianças ou pessoas que teriam dificuldade com a linguagem shakespeareana, costumo dizer que Deus, lá no céu, quatro ou cinco vezes por dia, diz “Amém” e, se concluirmos a expressão de um desejo nosso nesse exato momento, ele, inevitavelmente, vira realidade...
         A explicação, seja a filosófico-literária ou a popular, em síntese, diz a mesma coisa. E é, nesse contexto, que situo um fato marcante na minha história de vida e na da minha filha Raquel.
         No início dos anos 1980, ela, uma menininha, assistia comigo a um jornal televisivo, deitada nas almofadas da nossa salinha de televisão e eu, como sempre, tricotando, meu hobby desde a adolescência. Comum cena doméstica, não fosse o que, em dado momento, ela me disse, cheia de convicção:
“– Mãe, quando eu crescer, vou ser “moça de televisão!”  E logo acrescentou que diria: “– De Brasília, Raquel Porto Alegre!”.
         Assim pude logo entender que ela queria ser repórter e não atriz e respondi que achava uma bela profissão e aproveitei para dizer que era preciso estudar muito, estar sempre atualizada. Papo de mãe!
         Passou mais um tempinho e ela me perguntou se eu achava que o  pai iria ou não ficar magoado de ela não usar “dos Santos”, o sobrenome dele? Respondi que não porque, além de ele gostar muito do sobrenome Porto Alegre, remete a nossas origens e aos primórdios do jornalismo e da educação no Rio Grande do Sul. Disse ainda que seria um nome muito bonito para uma repórter.
         O tempo passou, ela se formou jornalista e, hoje, é “moça de televisão” como sonhou um dia, ainda tão pequena.
         Sempre curto suas matérias, mas ontem à noite, quando a notícia que ela apresentou, na abertura do Jornal das 10, da Globo News, sobre o assunto político do dia, decidi registrar por escrito o que nossa “vã filosofia”  não explica. E, com sempre, eu tricotava enquanto assistia ao Jornal  e, juntos, eu e o Nilceu, mais uma vez, tivemos a oportunidade de nos emocionarmos, com uma pontinha de orgulho, por nossa filha ter concretizado seu sonho de criança e ser, hoje, uma profissional competente.

De Aliris, amorosamente, para Raquel e para todas as pessoas que, acreditando nos seus sonhos, vão em busca de suas realizações.


23.05.2015

terça-feira, 19 de maio de 2015




 ECOS DE UM CINQUENTENÁRIO
(16.05.1965 – 16.05.2015)





         Neste 16 de maio, completaremos – eu e o Nilceu – 50 anos de convivência: quase quatro de namoro e noivado, como era costume, e os demais de casamento.
         Ao olhar para trás, antes de ver passado, vejo futuro porque nossa união frutificou e constituímos uma família muito especial que, carinhosamente, chamamos “Família Busca-pé” pelas suas peculiaridades raras.
         Mas como todo presente tem suas raízes no passado, permitam-me retornar a 1965 e, em breves palavras, relembrar, registrar e, se não for muita pretensão, presentear os mais jovens com nossa história de vida. Uma história que não é exclusivamente nossa porque, ao longo dela, tivemos coautores: pais, irmãos, familiares, filhos, amigos, Nonô e, nos últimos anos, Dudu e Bebela, nossos netos muito amados. Recentemente, temos também o Rodrigo!
         Quando nos conhecemos, éramos muito jovens, eu tinha 17 anos e Nilceu acabara de completar 22. E, desde esse dia, nossas vidas seguiram por um mesmo caminho: quase sempre largo, florido, ensolarado... mas, algumas vezes, tortuoso, sem perfume de flores e com chuva fina ou até grossa. Mesmo nos dias difíceis foi vida bem vivida porque, embora de caras feias, estávamos lado a lado.
         Como toda longa jornada é feita também de superações, minha intenção aqui é relembrar com ênfase não os poucos “tapas”, mas os muitos “beijos”, usando expressão de conhecida canção sertaneja.
         Nesses 50 anos, eu e o Nilceu fomos amantes e amigos; companheiros e cúmplices; família e amigos; confidentes e copartícipes; enfim, estivemos juntos, sem exceção, em cada dia, em cada grande ou pequeno acontecimento. E, o mais importante, fomos felizes à nossa maneira, nessa caminhada a dois.
         Temos hoje a comemorar muitas conquistas pessoais, profissionais e materiais, mas a mais importante, a mais vibrante, viva e inigualável de todas é sermos os pais do Junior, da Raquel e da Mauren, joias preciosas de nossas vidas que já nos presenteiam com novas joias.
         Fechar uma década, seja de vida ou de união, nos faz parar e refletir. Fechar meio século, então, é especialmente marcante e significativo! As lembranças afloram a cada momento e nos levam a um inevitável balanço. Felizmente, podemos comemorar 50 anos com saldo altamente positivo porque, ao longo de todo esse tempo, houve muito amor, o sentimento que nos anima a superações e enfeita a nossa vida de cada dia.


Amorosamente, Aliris
12.05.2015