domingo, 29 de novembro de 2015


O SENTIDO DA VIDA

 Nascer e crescer
Copular e procriar
Envelhecer e morrer!

É só isso o viver?
Não, não! É mais, mais, muito mais!

É também...
Caminhar e tropeçar
Sorrir e chorar
Subir e descer
Vencer e perder.

É ainda...
Sonhar e concretizar
Odiar e perdoar
Sentir e ver
Crer e transcender.

Mas é principalmente...
Amar sem nenhum limite!
Amar, simplesmente amar!


Amorosamente, Aliris, em 29.11.2015.
Dia em que a minha mãe, Iolanda, completaria 95 anos.



sábado, 5 de setembro de 2015

Hoje tem perada?
Tem sim senhor!
Oito horas da noite?
Não senhor!!!


         É perada, não é marmelada! E começava a ser preparada lá pelas sete horas da manhã.
         Falo aqui da perada que minha mãe fazia em todos os verões da minha primeira infância. Como no nosso pátio havia uma grande pereira plantada pelo meu avô materno, ela e toda a família se dedicavam um dia inteirinho àquela perada de sabor inesquecível.
         Já na véspera começavam os preparativos: as peras eram colhidas, o grande tacho de cobre higienizado, a pá de madeira lavada, as lenhas já dispostas embaixo da pereira para o fogo de chão onde o tacho era colocado. Uma verdadeira festa!
         Passava-se o dia todo naquele labor em que a união da família em torno do doce que estava sendo preparado, não dava lugar ao cansaço da tarefa. Já à tardinha, a perada pronta e ainda quente era colocada em caixetas de madeira forradas com papel celofane e fechadas com a tampa de correr.
         Como a quantidade preparada era grande, comíamos durante o ano todo, mas o mais gostoso mesmo era saboreá-la no inverno, quando a perada, na parte de cima, tinha uma leve camada açucarada que, de tão doce, deixou doce lembrança!
         Mas como a vida tem de seguir seu curso, nos mudamos dessa casa para a nossa casa nova, bonita, recém-construída, mas longe da pereira. Naquele momento, ninguém se preocupou com isso, mas, quando o tempo passa e nossa memória afetiva traz de volta emoções significativas, lá me vem a perada!
         Para mim, o dia da perada foi e é altamente significativo porque aquela tarefa doméstica revestida de tanta simplicidade tem sentido profundo e expressiva beleza que posso concluir com o que escreveu, em versos, Carlos Drummond de Andrade: “E eu não sabia que a minha história / era mais bonita que a de Robinson Crusoé.”


         Amorosamente, para minha amiga Clarice que, anos mais tarde, saboreou muitas peras dessa mesma pereira e ainda hoje, como eu, lembra com saudade.

Aliris

05.09.2015

segunda-feira, 8 de junho de 2015







PARA TIA ALTIVA COM CARINHO
(08.07.1920 – 07.06.2015)


         Alguém como tu deixa exemplos a seguir:
         Legado de amor, amizade, compreensão...
         Tudo ao teu redor era força, coragem, riso, alegria...
         Irradiavas fé, confiança, aconchego sem limites!
         Vibravas com a vida, nos acertos e até nos desacertos!
         Amavas e congregavas com natural espontaneidade.



(Tia Altiva aos 90 anos)


         Por tudo isso e muito mais, hoje, estamos órfãos da tua presença entre nós, mas amparados pelas tuas sábias lições que, com certeza, serão orientações seguras ao longo de nossas vidas.
  
Amorosamente, Aliris
07.06.2015


segunda-feira, 1 de junho de 2015

MARSALA?!

         Você sabe o significado dessa palavra? Eu também não sabia até poucos dias atrás. Recentemente, ao ler a seção de moda de um jornal de domingo, me deparei com a dita palavra.
         Veja só! As tendências da moda do Inverno 2015 são: bicolor, metálico, animal print, marsala e franjas. O significado de marsala ficou claro para mim pela interação entre contexto linguístico e o extralinguístico. Descobri... Marsala é uma cor e, neste momento, a cor da moda!
         Para quem não sabe, é um marrom claro, meio rosado, cor que, de fato, até então, não tinha um nome específico. Vivíamos muito bem sem ele, mas, a partir de agora, acho, que faria falta para uma qualificação mais clara em determinados contextos.
         Imediatamente, consultei dicionários (adoro os impressos!). Não consta do Aurélio nem do Houaiss, já Caldas Aulete registra como vinho branco da região de Marsala, na Sicília. Se o vinho fosse rose, até que entenderia, caso a origem da nova conotação fosse essa! Encontrei marsala, como substantivo masculino, na lista de palavras do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, mas, é claro, sem o significado.
         Como linguista, refleti sobre a nova palavra e me lembrei de Drummond, no trecho que a seguir transcrevo:

Entre coisas e palavras – principalmente entre palavras – circulamos. A maioria delas não figura nos dicionários de há 30 anos ou figura com outras acepções. A todo momento, impõe-se tomar conhecimento de novas palavras ou combinações de.
Você que me lê, preste atenção. Não deixe passar nenhuma palavra ou locução atual pelo seu ouvido, sem registrá-la. Amanhã, pode precisar dela. E cuidado ao conversar com seu avô: talvez ele não entenda o que você diz.

         No nível linguístico, para mim, tudo ficou muito bem explicado! Mas não parei por aí. Assim como palavras, todos os dias nos são apresentados novos objetos ou ferramentas eletrônicas, sem o que, parece que não se pode mais viver.
         É claro que o mundo gira muito rapidamente e o novo, é óbvio, exige soluções até então inusitadas, mas é preciso cautela para discernir o que, de fato, é uma necessidade.
         Basta pensarmos numa simples analogia e teremos a resposta! Eu preciso trocar a minha boa bolsa de couro, seja ela preta, marrom ou bege, por uma marsala? Sei que é a cor da moda e, por isso mesmo, caríssima! E, veja bem, eu, dentro do razoável, gosto de seguir as tendências da moda!
         Tomar conhecimento da cor da moda para este Inverno, foi importante para mim porque, muito além de estar atualizada, coloquei a questão numa perspectiva mais ampla e refleti sobre o que realmente é essencial na minha vida prática.
         Fui além, do mundo objetivo, viajei ao subjetivo e me questionei sobre o que é, de fato, importante para mim. Paro por aqui porque a resposta é muito pessoal!
         Deixo, porém, um convite: reflita sobre o que, novo ou velho, é, realmente, relevante na sua vida, oportunidade que a palavra marsala me proporcionou e divido com meus leitores!


Amorosamente, Aliris
30.05.2015











segunda-feira, 25 de maio de 2015


SONHO DE ONTEM... REALIDADE DE HOJE




         Quando acontecem fatos que nos parecem tanger o irreal, costumamos lembrar Shakespeare, em diálogo de Hamelet com Horácio: “Entre o céu e a terra há muito mais coisas do que sonha nossa filosofia.” O adjetivo “vã” foi acréscimo brasileiro à linguagem tão substantiva do dramaturgo inglês. Mas, com ou sem “vã”, a frase serve para encerrarmos qualquer assunto sem muitas explicações.
         Ao conversar com crianças ou pessoas que teriam dificuldade com a linguagem shakespeareana, costumo dizer que Deus, lá no céu, quatro ou cinco vezes por dia, diz “Amém” e, se concluirmos a expressão de um desejo nosso nesse exato momento, ele, inevitavelmente, vira realidade...
         A explicação, seja a filosófico-literária ou a popular, em síntese, diz a mesma coisa. E é, nesse contexto, que situo um fato marcante na minha história de vida e na da minha filha Raquel.
         No início dos anos 1980, ela, uma menininha, assistia comigo a um jornal televisivo, deitada nas almofadas da nossa salinha de televisão e eu, como sempre, tricotando, meu hobby desde a adolescência. Comum cena doméstica, não fosse o que, em dado momento, ela me disse, cheia de convicção:
“– Mãe, quando eu crescer, vou ser “moça de televisão!”  E logo acrescentou que diria: “– De Brasília, Raquel Porto Alegre!”.
         Assim pude logo entender que ela queria ser repórter e não atriz e respondi que achava uma bela profissão e aproveitei para dizer que era preciso estudar muito, estar sempre atualizada. Papo de mãe!
         Passou mais um tempinho e ela me perguntou se eu achava que o  pai iria ou não ficar magoado de ela não usar “dos Santos”, o sobrenome dele? Respondi que não porque, além de ele gostar muito do sobrenome Porto Alegre, remete a nossas origens e aos primórdios do jornalismo e da educação no Rio Grande do Sul. Disse ainda que seria um nome muito bonito para uma repórter.
         O tempo passou, ela se formou jornalista e, hoje, é “moça de televisão” como sonhou um dia, ainda tão pequena.
         Sempre curto suas matérias, mas ontem à noite, quando a notícia que ela apresentou, na abertura do Jornal das 10, da Globo News, sobre o assunto político do dia, decidi registrar por escrito o que nossa “vã filosofia”  não explica. E, com sempre, eu tricotava enquanto assistia ao Jornal  e, juntos, eu e o Nilceu, mais uma vez, tivemos a oportunidade de nos emocionarmos, com uma pontinha de orgulho, por nossa filha ter concretizado seu sonho de criança e ser, hoje, uma profissional competente.

De Aliris, amorosamente, para Raquel e para todas as pessoas que, acreditando nos seus sonhos, vão em busca de suas realizações.


23.05.2015

terça-feira, 19 de maio de 2015




 ECOS DE UM CINQUENTENÁRIO
(16.05.1965 – 16.05.2015)





         Neste 16 de maio, completaremos – eu e o Nilceu – 50 anos de convivência: quase quatro de namoro e noivado, como era costume, e os demais de casamento.
         Ao olhar para trás, antes de ver passado, vejo futuro porque nossa união frutificou e constituímos uma família muito especial que, carinhosamente, chamamos “Família Busca-pé” pelas suas peculiaridades raras.
         Mas como todo presente tem suas raízes no passado, permitam-me retornar a 1965 e, em breves palavras, relembrar, registrar e, se não for muita pretensão, presentear os mais jovens com nossa história de vida. Uma história que não é exclusivamente nossa porque, ao longo dela, tivemos coautores: pais, irmãos, familiares, filhos, amigos, Nonô e, nos últimos anos, Dudu e Bebela, nossos netos muito amados. Recentemente, temos também o Rodrigo!
         Quando nos conhecemos, éramos muito jovens, eu tinha 17 anos e Nilceu acabara de completar 22. E, desde esse dia, nossas vidas seguiram por um mesmo caminho: quase sempre largo, florido, ensolarado... mas, algumas vezes, tortuoso, sem perfume de flores e com chuva fina ou até grossa. Mesmo nos dias difíceis foi vida bem vivida porque, embora de caras feias, estávamos lado a lado.
         Como toda longa jornada é feita também de superações, minha intenção aqui é relembrar com ênfase não os poucos “tapas”, mas os muitos “beijos”, usando expressão de conhecida canção sertaneja.
         Nesses 50 anos, eu e o Nilceu fomos amantes e amigos; companheiros e cúmplices; família e amigos; confidentes e copartícipes; enfim, estivemos juntos, sem exceção, em cada dia, em cada grande ou pequeno acontecimento. E, o mais importante, fomos felizes à nossa maneira, nessa caminhada a dois.
         Temos hoje a comemorar muitas conquistas pessoais, profissionais e materiais, mas a mais importante, a mais vibrante, viva e inigualável de todas é sermos os pais do Junior, da Raquel e da Mauren, joias preciosas de nossas vidas que já nos presenteiam com novas joias.
         Fechar uma década, seja de vida ou de união, nos faz parar e refletir. Fechar meio século, então, é especialmente marcante e significativo! As lembranças afloram a cada momento e nos levam a um inevitável balanço. Felizmente, podemos comemorar 50 anos com saldo altamente positivo porque, ao longo de todo esse tempo, houve muito amor, o sentimento que nos anima a superações e enfeita a nossa vida de cada dia.


Amorosamente, Aliris
12.05.2015



segunda-feira, 23 de março de 2015






EFÊMERO INFINITO


O sol nascente, o sol poente, a estrela cadente...
O aconchego envolvente, o beijo ardente, o momento veemente...

No efêmero, a essência, o gozo, a beleza infinita...
Que transforma o instante em eternidade tão bonita!

Viver intensamente o instante
É a essência da vida
Que a cada instante
Revive a própria vida!


  
Amorosamente, Aliris

23.03.2015

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015


AMIGOS PARA SEMPRE




         As pessoas chegam à nossa vida – não sei bem – se por acaso ou não, mas – tenho certeza – não é por acaso que elas permanecem.
         Ao longo da nossa caminhada, conhecemos muitas pessoas em diferentes situações e algumas se tornam nossas amigas. Isso acontece por afinidades, bons ou maus momentos passados juntos, atenções trocadas, necessidades ou afetos compartilhados...
         Com alguns desses amigos convivemos pela vida afora e eles se tornam parte da nossa família.  De outros, entretanto, nos separamos em alguma esquina da vida e seguimos por caminhos diferentes, mas, como a distância não distancia amizades verdadeiras, continuamos em contato, sobretudo hoje, com as facilidades deste mundo, tão sem fronteiras para a comunicação.
         Os amigos, às vezes, também nos surpreendem: é um telefonema ou uma mensagem eletrônica de quem não vemos já há algum tempo. Quando isso acontece, essa pessoa enfeita o nosso dia, nos proporciona boas e afetivas recordações, além, é claro, de incalculável alegria.
          Nossos amigos para sempre são aqueles com quem nos encontramos frequentemente e também aqueles que estão distantes. Mas, a cada reencontro – mesmo que seja a longos intervalos – nos sentimos na mesma sintonia como se tivéssemos estado juntos há poucos dias. A convivência é a mesma, o calor dos sentimentos nos afaga e nos faz sentir mais uma vez o pulsar da vida, sem meios-termos: nossos corações se enchem de ânimo e nos irmanam em doce harmonia.
                   Amigos queridos, vocês são, cada qual a seu modo, parte do mais belo da minha jornada, estão naquele grande pote de ouro que se esconde no final do Arco- Iris.
         Que privilégio... já encontrei o cobiçado pote! Quer encontrá-lo também? Saint-Exupéry, através da simplicidade do Pequeno Príncipe, nos ensina: “O essencial é invisível para os olhos, só se vê bem com o coração”.  


Amorosamente, Aliris
15.02.15



segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015



O TEMPO PODE VOLTAR?



         Essa foi a pergunta que me fez Isabela, minha neta de seis anos, poucos dias depois do último Natal.
         No primeiro momento, distraída e sem muito entender, respondi que, às vezes, pode. E dei como exemplo o Natal que se comemora a cada ano. E ela, na persistência própria da idade, me disse que queria que voltasse o Natal que tínhamos comemorado recentemente.
         Disse a ela que haverá outras festas de Natal, preparadas com o mesmo carinho de sempre, mas aquela – como as passadas e as que ainda virão – foi única, inigualável.  Aproveitei para explicar, em linguagem que ela pudesse entender, que cada momento, cada dia, cada fato, cada acontecimento é único e, por isso, é preciso viver cada um plenamente. Eles podem ou não voltar, mas cada um é um, é incomparável...
         Disse-lhe também que, no inverno, quando a paisagem está mais triste, o frio nos castiga e tudo já parece mais cinza, a lembrança daquele Natal de tantas alegrias poderá aquecer nossos corações. Só não lhe falei, é claro, do sentido, para mim, da palavra inverno naquele contexto. Sei que um dia ela entenderá o duplo significado desse nosso delicioso “filosofar”.
         Mas, para que tudo ficasse, por enquanto, no plano do concreto, prometi a minha netinha que, no próximo mês de julho, faremos uma ceia igualzinha à do Natal! Só para amenizar a saudade e já começarmos a pensar nos preparativos, presentes que faremos ou compraremos, como colocar os enfeites que, a cada ano, une a família por duas ou três tardes para distribuí-los pela casa.
         A nossa conversa me deixou muito feliz porque sei que a família legou a ela o encanto do Natal que, com absoluta certeza, será legado... legado... legado!  


Amorosamente, Aliris
20.01.2015


sábado, 3 de janeiro de 2015

É NATAL OUTRA VEZ


... e a magia transforma novamente nossos corações e nossas rotinas.




        
                  Há quem diga que o Natal de nossos dias se afastou completamente de seu sentido verdadeiro: comemorar o nascimento de Jesus.
         Não penso exatamente assim porque é, neste momento, que nos aproximamos mais de familiares e amigos, nos reunimos para celebrar o amor, a amizade, a solidariedade. Tudo isso nada mais é do que a forma como homenageamos o grande aniversariante, porque estamos colocando em prática o que ele nos ensinou. Haverá homenagem mais bela e profunda?!
         É por tudo isso que adoro o Natal. Comemoro-o por muitas razões que vão desde a herança familiar que recebi até a que pretendo legar.
         Para mim, tudo é lindo: a confecção ou a compra dos presentes, abrir caixas com enfeites que acumulei por anos e distribuí-los pela casa, o pinheirinho armado na sala, o presépio, a família empenhada em tudo isso para prepararmos a chegada de Papai Noel – em pessoa – e a grande ceia da qual participam tanto a família de sangue e amor como a de escolha e amor.
         Tudo pronto! Abraços são trocados, emoções exteriorizadas, mesa posta e... ouve-se o som da inconfundível sineta de Papai Noel – o mesmo que nos visita há mais de 30 anos, o que, para os mais jovens, significa a vida toda.
         Nessa hora, os adultos se igualam às crianças: cada qual vibra quando é chamado para receber seu presente e os sábios conselhos do nosso Papai Noel que conhece muito bem cada participante desse encontro tão aguardado a cada ano.
         Acredito fielmente que toda criança que viveu, pelo menos uma vez, um Natal feliz, quando adulto, sempre comemorará a data, seja desta ou daquela maneira e, por toda a vida, fará uma pausa para a confraternização, para o aconchego, para o amor.
         E, assim, o grande homenageado do Natal continuará sendo referenciado por seu maior legado: o amor que gera amor.



Amorosamente, Aliris
20.12.2014




MEU CANTO, MEU RECANTO, MEU ENCANTO



         É assim que sinto a minha casa, meu lar, meu refúgio deste mundo nada fácil. Aqui vivemos eu e o Nilceu – quando nos mudamos para cá, há mais de 20 anos, éramos cinco, mas os filhos, como é natural, sem esquecer as raízes, bateram asas e cada qual foi em busca do seu próprio caminho.


                   Sei que o espaço físico é grande demais para duas pessoas, mas cada canto desta casa é especial: fala de passado, presente e, muitas vezes, até de futuro. Acalenta meus sonhos, me dá conforto, intimidade, inspiração... me faz feliz.
         Esta é a casa em que morei por mais tempo ao longo da vida. Nela passei incontáveis momentos de alegria que os que não foram bons ou tão bons se esvaíram entre risos, companheirismo, amigos presentes, visitas de filhos, nora, netos... Enfim, este é o meu mundo!
         A minha casa tem espaço para tudo: amor, amizade, trabalho, introspecção, lazer e, agora, até para artesanato, que nada mais é do que um espaço de convivência que fortalece amores e amizades se estreitam mais e mais.
        Para o artesanato, inspirada no ateliê da minha irmã Ana Lucia, montei, há pouco tempo, num dos quartos da casa, o meu.


           Como sugere o nome, uma tarde no ateliê, regada com boa conversa, trabalho descompromissado e chá inglês (presente do Edson e da Eliane) vale por meses de terapia. Ao juntar retalhos, tecer fios ou preparar enfeites de Páscoa ou de Natal, a conversa flui, os sentimentos afloram, se firmam, se confirmam... A minha (três vezes) comadre Tânia sabe muito bem disso!
         Amo minha casa tanto no aspecto físico como no psicológico. É claro que, embora distintos, se sobrepõem: o quadro que lembra a terra natal, as relíquias de família vistas aqui e ali, os potes cheios de guloseimas para os netos, mas que os filhos também curtem, a gaveta do Dudu e a da Bebela com o básico para ficar um ou dois dias com o vovô e a vovó.
         A área externa é também uma delícia. As varandas – lugar de incontáveis comemorações – merecem destaque especial. Uma delas abriga a “mesa da diretoria”, com 12 lugares, muito disputada em dias de reuniões de amigos ou aniversários: os adultos se julgam com a preferência, mas os jovens também não abrem mão de seu espaço. Uma curtição... pena que, no último aniversário do Nilceu, minha amiga-irmã Clarice ficou muito desapontada porque, como chegou mais tarde, teve de se refugiar em outra mesa...ela ficou inconformada! Nada que não se resolva: hoje ela já tem cadeira cativa. E a Marinês também: elas são inseparáveis.
         O pátio, para me expressar em gauchês legítimo, com a policromia das flores e árvores frutíferas, encanta! Lá estão a pracinha, a casa da árvore, a casa de boneca, a piscina e até a Branca de Neve e os sete anões – meu sonho de infância, e também o Tuco  e o Biscoito, os cachorros do Dudu, sempre a interagir com os que chegam.
         Existe também o caramanchão (pérgola) que, desde outubro passado, adquiriu significado mais do que especial: foi o pálio de flores amarelas que abrigou a cerimônia civil que confirmou a união do Junior e da Nonô, juntos há 19 anos.
  


         É, também, no pátio que convivo com várias espécies de pássaros que têm, por todo lado, casinhas para se abrigarem, procriarem, quando não são eles próprios que as constroem.  O canto dessas diferentes espécies se fundem, se confundem em harmoniosa orquestra que dispensa maestro ou qualquer outra formalidade... tudo composto pelo cantar de um, o replicar de outro, outro, outro... Ouvi-los enfeita meus dias e me faz lembrar, mais uma vez, que a verdadeira beleza está ao nosso lado. Basta exercitar a sensibilidade para descobri-la!
        

         Por tudo isso, tenho tido, cada vez mais, vontade de ficar em casa. Aqui tenho ambiente e espaço para fazer o que gosto: ler, receber amigos e familiares, escrever, bater-papo com pessoas queridas, tricotar, fazer algumas costurinhas, meditar ou o que mais achar bom... tudo no aconchego deste teto que me protege, me estimula, me preenche!
         É na minha casa que me escondo, na medida do possível, da brutalidade, do desrespeito explícito – do implícito, é impossível – enfim de tudo o que não deveria existir.
         Acho que estou pondo em prática o que sempre pensei: “Conquiste as coisas e se de tempo para desfrutá-las”. De fato, tudo o que hoje desfruto, nada mais do que conquistas, quer no aspecto material, quer no imaterial que, para mim, é de valor incalculável.


Amorosamente, Aliris

27.11.2014
MINHA PARTICIPAÇÃO NA 60ª FEIRA DO LIVRO DE PORTO ALEGRE


 Foi uma alegria ter estado presente nesse tradicional evento de cultura da minha terra.



        
         Tive uma participação modesta, é claro, mas bastou para me encher de entusiasmo para novos projetos. Avivou, também, planos adormecidos, dispersos em meio a tantos outros interesses.
         Ter publicado a crônica Sabiá, acordei com saudade de você!, na Coletânea Escritos – volume 6, me credenciou para a sessão de autógrafos no último dia 7, numa das salas do Memorial do Rio Grande do Sul e também me colocou em contato com outras pessoas que, como eu, fazem do escrever mais uma forma de diálogo com o nosso conturbado mundo moderno.
         Essa tarde foi realmente especial para mim porque tive a companhia de pessoas muito queridas e a afável acolhida do organizador e dos demais autores da Coletânea.
        


          Enfim, me fez, mais uma vez, reafirmar a mim mesma que não podemos perder nenhuma oportunidade para desfrutar pequenas alegrias que alegram nossas vidas e nos animam a novas buscas.
  

Amorosamente,  Aliris
18.11.2014