RESENHA — DEZ MULHERES
Romance da autoria da chilena Marcela Serrano, tradução de
Paulina Wacht e Ari Roitman, ed. Objetiva, 2012, é uma obra tanto instigante
como comovente.
A psicanalista Natasha, a 10ª mulher, reúne nove pacientes –
que até então não se conheciam – de diferentes idades (19 a 75 anos) e de
estratos sociais e culturais também
diferentes. Tantas diferenças...tantas identidades...
Nesse encontro cada uma delas narra a sua história, com
absoluta sinceridade, elas expõem seus sentimentos ao longo da vida, suas
dificuldades e conquistas, alegrias e tristezas, amores e desamores, valores,
medos... Narram, principalmente, os desafios de viverem como mulheres: o foco
principal é a essência de cada qual: a família é importante, mas não sobrepuja a
elas próprias. A maternidade não se funde com a essência de nenhuma delas.
Cada uma é ela própria, não a sua sombra. Quando uma sombra
as ameaça, elas buscam resolutas o seu “eu” e arcam com o preço da escolha.
Mulheres fortes e lutadoras que, na sua busca, conseguiram, como afirma
Natasha, caminhar “com o passo mais leve, debaixo das estrelas: não as já
conhecidas, mas as que estão nascendo, produto da morte das outras.”
Meu conselho: leia e releia quantas vezes quiser. Na história
de cada uma delas, há um pouco da nossa história. Há momentos em que sentimos
vontades de colocá-las no colo. Ou será o colo que estamos querendo para nós
mesmas?!
Aliris 29.04.2017