quarta-feira, 5 de novembro de 2014





 VERDADE VERDADEIRA



             Todos nós, seres humanos, temos poucas certezas e muitas possibilidades.
         Dessas certezas, morrer... e também nascer são as únicas realmente certa. Já crescer, procriar, envelhecer, pode-se dizer, são quase certezas... probabilidades...
         As possibilidades que temos, ao longo da vida, entretanto, são infinitas... dependem de nós: sermos ou não felizes; sermos letrados ou iletrados; termos ou não filhos. Tudo isso depende – pode-se até afirmar com segurança – de escolhas nossas.
         É possível ser feliz mesmo em meio à adversidade. Minha tia Altiva, aos 94 anos, num leito hospitalar, com grande dificuldade de se expressar, me disse que não estava bem, mas feliz por estar falando comigo mesmo a distância. Belíssimo exemplo!
         Assim é a vida: saber vivê-la é um imperativo para sermos felizes. Nunca esquecer – da grande verdade insofismável – somos os únicos responsáveis por nossas escolhas, pelo eixo de nossa jornada!
         A nossa vida de cada dia é fruto de nossas escolhas passadas, sejam elas recentes ou longínquas, nem sempre fáceis, mas de nossa mais inteira responsabilidade. Essas escolhas podem até nos levar a prisões, mas mesmo assim continuam sendo responsabilidade nossa. A prisão, seja ela qual for, foi também escolha!
         Enfim, a vida é uma arte... e as superações de cada dia é que nos movem e nos tornam úteis ou inúteis a nós mesmos, à nossa família e ao meio em que vivemos.



Amorosamente,
Aliris
04.11.2014
        


CONVITE


              Como participo com uma crônica no livro ESCRITOS VI, compartilho o convite para o lançamento da obra.



quarta-feira, 27 de agosto de 2014

SE EU PUDESSE NOVAMENTE VIVER A MINHA VIDA...
(A meu marido e a meus filhos, coautores do meu cotidiano, há mais de 40 anos.)


Sobre essa questão, com certeza, todos nós, na vida adulta, pensamos algumas vezes. Assim eu, há poucos dias, em momento muito meu, me peguei, uma vez mais, pensando sobre isso. Pensei também que a resposta fica sempre incompleta ou comprometida pela situação que estamos vivendo naquele exato momento. Resolvi, então, que completaria o raciocínio sem o calor de nenhuma emoção, sem atropelos... E assim fiz!
Conheço o que pensaram sobre o assunto dois grandes escritores: o argentino Jorge Luis Borges, que faria grandes mudanças, enfim reescreveria a sua vida; e o brasileiro Rubem Alves, falecido recentemente, que viveria como viveu, sem retoques.
Inspirada na opinião de um e de outro, tive mais facilidade para me posicionar e concluí que faria duas modificações – que parecem pequenas – mas, com certeza, fariam toda a diferença. Enfim, minha posição se parece mais com a de Jorge Luis Borges, embora seja admiradora das ideias e reflexões de Rubem Alves.
Em primeiro lugar, com absoluta convicção, teria sido muito mais emoção do que razão. E, consequentemente, teria vivido com menos rigidez, mais harmonia, mais leveza. Que diferença para mim e para aqueles com quem convivi. Sim... convivi; porque sei que hoje sou muito mais emoção, graças a Deus!
Em segundo, não teria tido nenhuma preocupação em estar certa nesta ou naquela situação, em ter razão, teria tido, sim, apenas bons momentos, sido simplesmente feliz. Ser absolutamente certa é tão pequeno, seja no momento, seja, sobretudo, quando a questão já está desbotada pela ação do tempo, quando até se torna hilária, quiçá ridícula!
            Como não tenho mais a preocupação de marcar posição, a partir de agora vou apenas viver de acordo com o que penso, ou melhor, com o que sinto! Sei que a nossa vida é escrita um pouco a cada dia e, hoje, penso que mudar a cor da tinta que usamos é mera questão de escolha. Assim, passei a usar, a cada dia, cores mais e mais suaves, ditadas pela experiência e pela ótica da minha abençoada maturidade.
            Que bom: como as estações do ano, somos também feitos de mudanças!

                                                                              Amorosamente, Aliris

                                                                                     17.08.2014

domingo, 25 de maio de 2014

MONÓLOGO



Mar,
Diante da tua grandeza, me calo há tanto tempo! Hoje, abandono meu silêncio inexplicável e quero te dizer o que sinto quando estou diante de ti!

Mar,
A tua eterna inconstância me fascina! A tua finitude infinita alonga o meu espírito: só de pensar na tua riqueza submersa, trago à tona sentimentos também em mim submersos!

Mar,
Ao contemplar – na minha pequenez humana – o teu fraterno abraço com o infinito, sinto a grandeza do eterno que existe em mim.

Mar,
A inigualável volúpia das tuas brancas espumas, que docemente beijam as areias da praia, me fazem pensar na emocionante ternura dos fortes!

Mar,
Todos nós – indistintamente – somos regidos pelo mesmo pulsar da vida que tudo anima neste universo! Embora tão diferentes uns dos outros, cada ser deste Planeta cumpre sua trajetória: do minúsculo ao imenso, tudo se completa na sempiterna caminhada que nos iguala, nos irmana, nos conduz ao infinito...   



                                                                      Amorosamente, Aliris

Na beira do mar, em Canoa Quebrada – CE, em 20/05/2014

segunda-feira, 24 de março de 2014

A MULHER NO MERCADO DE TRABALHO: UM  DEPOIMENTO


Apresento este texto em duas versões: a primeira é a original; a segunda, com muitos cortes, a que adaptei para publicação, no Diário de Santa Maria, no Dia Internacional da Mulher.
Amorosamente, Aliris
Março/2014


Primeira versão


Sempre me surpreendem os resultados de pesquisas sobre o mercado de trabalho que ressaltam marcantes diferenças entre homens e mulheres: estas afirmam que se sentem discriminadas e com remuneração inferior àqueles. Tais conclusões sempre me causam inquietação porque nunca senti, na pele, nenhuma discriminação ou tive salário inferior a homens que desempenhavam as mesmas funções que eu.  E é preciso lembrar que exerci atividades profissionais ao longo de 36 anos, em diferentes latitudes deste nosso imenso Brasil.
Acredito que essa situação peculiar que vivi se explique, primeiramente, porque meu pai nunca foi prepotente nem agressivo – muito pelo contrário, ele não era, dentro de casa, o comandante da mulher ou das filhas. Não tive, já na infância, de me colocar numa situação de defesa diante do masculino, de estar em constante estado de alerta. Com certeza, trouxe da família as lições básicas de igualdade e, obviamente, de dignidade e respeito.
Além disso, porque sempre convivi com mulheres – a começar pela minha mãe – que foram profissionais sérias e competentes, que nunca consideraram suas profissões como secundárias ou se sentiram ameaçadas pela concorrência masculina. Entre essas mulheres, destaco uma tia que, em 1952, tornou-se uma das primeiras vereadoras brasileiras, com respeitado exercício durante três mandatos.
Outro fator importante a considerar é que sou professora e, com minha formação, além de exercer o magistério, fui também servidora pública na Justiça Federal. Na atividade de professora – reconheço – exerci uma função tipicamente feminina, embora o magistério superior não seja seara apenas de mulheres. Como servidora pública, fui revisora de textos técnicos e jurídicos – tarefa, na maioria das vezes, exercida atrás da cortina do grande palco. Nos bastidores, entretanto, meu difícil trabalho de sugerir, discordar e até corrigir foi sempre muito bem acatado.
A partir das minhas vivências e com a profissão escolhida, parti para o mercado de trabalho, não como mulher, mas como pessoa que não via desigualdades e, por isso, não se colocava na posição defensiva, muito menos na de inferioridade em relação a quem quer que fosse.
Por onde passei, cumpri fielmente meus deveres profissionais e, em alguns casos, até os excedi, bem como usufrui dos direitos inerentes aos cargos exercidos, sobretudo os relativos à maternidade quando os filhos eram pequenos ou muito pequenos.
Acrescente-se a isso o fato de eu ter com meu marido relações simétricas de pessoa para pessoa e de ele ter sido um constante incentivador das minhas atividades e do meu crescimento profissional. Ele foi pai na mesma medida em que eu fui mãe: nunca tive de preencher lacunas. Dentro desse contexto, não precisei ensinar para os meus filhos a igualdade entre homem e mulher: eles a aprenderam no cotidiano familiar.  E que essa lição frutifique e possa, mesmo que em âmbito restrito, contribuir para uma vida mais digna e harmoniosa e, consequentemente, para um mundo melhor e mais justo.
Mesmo com tantas justificativas e argumentos próprios, as minhas inquietações não cessaram. Foi, então, que conversei longamente com minha irmã Ana Lúcia, engenheira civil, com 40 anos de profissão que, com imensa segurança, me disse que, tal como eu, nunca sentiu nenhuma restrição a seu exercício profissional, quer em seu escritório, que no canteiro de obras. Ouvi, ainda, a opinião das minhas duas filhas – uma jornalista e repórter do maior grupo de comunicação do país e a outra advogada da área criminal – que também me afirmaram nunca terem encontrado nenhuma restrição profissional nem se sentido diminuídas ou ameaçadas pelo fato de serem mulheres.
Então, no meu “filosofar”, pensar, questionar, dialogar, voltar a “filosofar”, concluí que essa falada discriminação à qual as mulheres se referem nada mais é do que uma história, até certo ponto, mal contada ou, mais precisamente, mal sentida.
Ficaram perguntas! Será que problemas enfrentados pelas mulheres no passado ainda as perturbam? Será que dentro de muitas famílias a distinção entre filhos e filhas é ainda fomentada?
Não sei... não sei! Talvez a discriminação da mulher no mercado de trabalho seja uma questão mais marcada em outros estratos sociais porque – preciso reconhecer –  as minhas vivências, as da minha irmã e das minhas filhas foram no mesmo patamar, ou seja, todas nós exercemos atividades que exigem formação superior. Ou terá sido mais decisivo, para todas nós, o fato de termos, desde a infância, vivido nossa condição de mulher sem nenhuma diferença diante do masculino?
Como não tenho resposta, apenas inquietação, fica a minha reflexão. Mas espero, sinceramente, que meu testemunho sirva de reflexão tanto para homens como para mulheres e que as que não tiveram, como eu, vivências familiares favoráveis superem essa marcante lacuna e se coloquem, tanto na vida privada como no mercado de trabalho, como seres humanos sem distinção de qualquer espécie.

 




Segunda versão


Embora pesquisas revelem que as mulheres são discriminadas no mercado de trabalho, nunca senti, na pele, tal discriminação. E é preciso lembrar que exerci atividades profissionais ao longo de 36 anos, em diferentes latitudes deste imenso Brasil.
Acredito que essa situação peculiar que vivi se explica, especialmente, porque meu pai nunca foi prepotente nem agressivo – muito pelo contrário, ele não era, dentro de casa, o comandante da mulher ou das filhas. Não tive, já na infância, de me colocar numa situação de defesa diante do masculino, de estar em constante estado de alerta.
Além disso, porque sempre convivi com mulheres – a começar pela minha mãe – que foram profissionais sérias e competentes, que nunca consideraram suas profissões como secundárias ou se sentiram ameaçadas pela concorrência masculina; e, também, porque sou professora e, com minha formação, além de exercer o magistério, fui também servidora pública na Justiça Federal. Na atividade de professora, exerci uma função tipicamente feminina, embora o magistério superior não seja seara apenas de mulheres. Como servidora pública, fui revisora de textos técnicos e jurídicos – tarefa, na maioria das vezes, exercida atrás da cortina do grande palco.Nos bastidores, entretanto, meu difícil trabalho de sugerir, discordar e até corrigir foi sempre muito bem acatado.
A partir das minhas vivências e com a profissão escolhida, parti para o mercado de trabalho, não como mulher, mas como pessoa que não via desigualdades e, por isso, não se colocava na posição defensiva, muito menos na de inferioridade em relação a quem quer que fosse.
Por onde passei, cumpri fielmente meus deveres profissionais e, em alguns casos, até os excedi, bem como usufrui dos direitos inerentes aos cargos exercidos, sobretudo os relativos à maternidade quando os filhos eram pequenos ou muito pequenos.
Acrescente-se a isso o fato de eu ter com meu marido relações simétricas de pessoa para pessoa e de ele ter sido um constante incentivador das minhas atividades e do meu crescimento profissional. Assim, não precisei ensinar para os meus filhos a igualdade entre homem e mulher: eles a aprenderam no cotidiano familiar. Que essa lição frutifique e possa, mesmo que em âmbito restrito, contribuir para uma vida mais digna e harmoniosa e, consequentemente, para um mundo melhor e mais justo.
Espero, sinceramente, que meu testemunho sirva de reflexão tanto para homens como para mulheres e que as que não tiveram, como eu, vivências familiares favoráveis superem essa marcante lacuna e se coloquem, tanto na vida privada como no mercado de trabalho, como seres humanos sem distinção de qualquer espécie.







domingo, 9 de fevereiro de 2014

ACRÓSTICOS


Publico, hoje, quatro acrósticos. Todos eles em coautoria com o Nilceu – o Velhinho, como costumo chamá-lo de longa data.
         O primeiro, escrito ontem, dia 8 de fevereiro, é em comemoração aos nossos 45 anos de casados.
         O segundo e o terceiro – coisa de avós saudosos – escritos em Santa Maria, na casa da minha mãe, em dezembro de 2010.
         O quarto, uma homenagem à minha mãe, Iolanda, que atravessou a ponte para o outro lado da vida, poucos dias antes de completar 93 anos, em novembro passado. Foi posto num marcador de página e oferecido a familiares e amigos.


                      QUARENTA E CINCO ANOS JUNTOS




Quanto tempo!
Uma vida!
Ano após ano
Respeito mútuo
Emoções vividas.
No dia a dia
Tivemos sempre
Amor, carinho, muito fervor!

E assim fomos vivendo!

Com nossos filhos
Inicialmente
Netos mais pra frente.
Cada qual
Orgulho sem igual!

Aliris
Nilceu
Outrora ela e ele sem complementos
Somos hoje conjunto de dois elementos!

Juramos um dia
União pra vida toda
Na alegria e na tristeza.
Temos cada dia
Orgulho dessa busca toda
Sonho de amor, poesia, muita beleza...







ACRÓSTICO PARA EDUARDO



Estiloso
Divertido
Unico
Amado
Risonho
Dengoso
Orgulho do vovô e da vovó!





ACRÓSTICO PARA ISABELA
                                 



Inteligente
Sabida
Alegre
Bela
Elegante
Linda
Amada do vovô e da vovó!





ACRÓSTICO PARA IOLANDA





Gostou? Então... comece hoje mesmo a fazer seus acrósticos, é fácil e divertido, além de que o homenageado vai ficar muito feliz. Faça como eu, conte com ajuda. Fica mais divertido ainda!



Amorosamente, Aliris
     09.02.2014



                    



segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

FELICIDADE


Todos a procuram e, quando a encontram, parece que a tratam como se clandestina fosse; parece que não a retêm, que é difícil conviver com ela. Estranho paradoxo!
Mas, afinal, o que é realmente a felicidade? Aquela que sempre uns desejam aos outros em datas comemorativas como aniversários, festas de fim de ano ou em situação novas buscas, conquistas...
Para mim, a felicidade está nas coisas simples e ao alcance de todos. Ela está no bate-papo amoroso com as pessoas queridas, no curtir um bonito dia de sol ou uma tarde chuvosa para um bom café com ou sem bolinho de chuva, numa leitura, num tricô ou em assistir a um filme do nosso agrado. Essas são opções deliciosas para mim, mas cada um tem as suas, é claro!
É só escolher, há tantas coisas simples ao alcance de todos! Basta aquietar o coração e se deixar envolver por aquilo que lhe traga bem-estar.
Logo logo, com certeza, você já estará sentindo uma pontinha da felicidade, mas, para que ela vá se expandindo e tomando conta de seu coração, um detalhe não pode ser esquecido: a felicidade tem de ser cultivada, regada a cada dia para que cresça e preencha nossa vida. Ela não está pronta na prateleira do nosso armário, do supermercado ou do Shopping Center próximo ou distante.
         Para mim, não existe explicação de felicidade mais simples e clara que a de Machado de Assis, no trecho que a seguir transcrevo.

    Cansado e aborrecido, entendi que não podia achar a felicidade em parte nenhuma; fui além: acreditei que ela não existia na terra, e preparei-me desde ontem para o grande mergulho na eternidade. Hoje, almocei, fumei um charuto e debrucei-me à janela. No fim de dez minutos, vi passar um homem bem trajado, fitando a miúdo os pés. Conhecia-o de vista; era uma vítima de grandes reveses, mas ia risonho, e contemplava os pés, digo mal, os sapatos. Estes eram novos, de verniz, muito bem talhados, e provavelmente cosidos a primor. Ele levantava os olhos para as janelas, para as pessoas, mas tornava-os aos sapatos, como por uma lei de atração, anterior e superior à vontade. Ia alegre; via-se-lhe no rosto a expressão da bem-aventurança. Evidentemente era feliz; e talvez, não tivesse almoçado; talvez mesmo não levasse um vintém no bolso. Mas ia feliz, e contemplava as botas.
    A felicidade será um par de botas? Esse homem, tão esbofeteado pela vida, achou finalmente um riso da fortuna. Nada vale nada. Nenhuma preocupação deste século, nenhum problema social ou moral, nem as alegrias da geração que começa, nem as tristezas da que termina, miséria ou guerra de classes, crises da arte e da política, nada vale, para ele, um par de botas. Ele fita-as, ele respira-as, ele reluz com elas, ele calca com elas um chão de um globo que lhe pertence. Daí o orgulho das atitudes, a rigidez dos passos, e um certo ar de tranquilidade olímpica...
    Sim, a felicidade é um par de botas.


                                                        Machado de Assis. Histórias sem Data.
                                                       Obras completas de Machado de Assis.
                                                       São Paulo: Mérito, 1962. v.13, p. 56-57.


Só me resta calar! Que mais poderia eu acrescentar?!

                                                     Amorosamente, Aliris
                                                          19.01.2014