quinta-feira, 18 de janeiro de 2018




AOS REPÓRTERES DE TV*

Se lhe perguntarem:
Você é poeta?
Você responderá:
Não, sou repórter!

Mas saiba:
Se você é repórter,
É também poeta!
Sabe por quê?

As suas matérias do dia a dia,
Da história, da ecologia e tantas mais
Trazem um tanto de conhecimento e informação precisa,
Mas dois “tantos” de pura poesia.

Isso também é ser poeta!


*Especialmente para minha filha Raquel e sua “trupe”.

Amorosamente, Aliris
      Em 17.01. 2018


quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

RESENHA de TERRA DOS HOMENS


Recentemente, li Terra dos Homens, de Antoine de Saint-Exupéry, Editora Nova Fronteira, 149 páginas, tradução de Rubem Braga e introdução de Armando Nogueira.

O livro foi presente da minha sábia amiga Theresa Catharina e me encantou, me fez sorrir e pensar. E, como Armando Nogueira, também não sei se “... terá sido a musa da poesia que enriqueceu a narrativa de um notável piloto ou o próprio destino de piloto fez o escritor voar não só nas asas do vento como nas asas dos versos?”

Saint-Exupéry, apaixonado por aviões desde a infância, tornou-se piloto civil aos 21 anos e, aos 26, integrou a equipe do Correio Aéreo da Europa para a África e América do Sul. Ele e seus companheiros tinham, diante de si, os desafios do Saara, dos Andes e do largo Atlântico, usando aparelhos pouco seguros e planos de voos incertos e ainda por serem complementados e até refeitos.

A narrativa dessas viagens é o pano de fundo para os voos que fazemos ao ler o livro. Visitamos paisagens desconhecidas; vemos o céu estrelado, palco das viagens noturnas; sentimos o frio e os perigos dos Andes; o rigor tanto dos dias como das noites no deserto.

Todos esses desafios, enfrentados pelos pilotos e superados com força sobre-humana, nos levam a refletir sobre a vida nossa de cada dia, que impõe coragem, às vezes, hercúlea.

Pela leitura, ficamos conhecendo seus amigos como Néri, Mermoz e Guillaumet, a quem o livro é dedicado; suas emoções expressas aqui e ali, dentre as quais destaco, “Até mesmo a nossa psicologia foi subvertida nas bases mais íntimas. As noções de separação, ausência, distância, regresso são realidades diferentes no seio de palavras que permanecem as mesmas.”; e também seus gostos pessoais como pelo café da manhã: “A alegria de viver se resumia para mim naquele primeiro gole matutino, cheiroso e quente, naquela mistura de leite, café e trigo que nos liga às pastagens calmas, às culturas exóticas e às searas – que nos liga à terra inteira.” E, com a sensibilidade aguçada, as entrelinhas permitem a cada leitor viagens únicas e inimagináveis.

Embora Terra dos Homens tenha sido publicado em 1939, continua atual, pode-se dizer, atualíssimo como na afirmativa que merece ser transcrita: “Se às vezes julgamos que a máquina domina o homem é talvez porque ainda não temos perspectiva para julgar os efeitos de transformações tão rápidas como essas que sofremos. Que são os cem anos da história da máquina em face dos duzentos mil anos da história do homem?”

Saint-Exupéry partiu em 31 de julho de 1944, de uma base aérea na Córsega para uma missão de reconhecimento e seu avião nunca mais voltou. Ele, entretanto, continua a viajar conosco entre sonhos, estrelas, dificuldades, superações... novas rotas.


Aliris, em 30.12.20017