SETENTEI
É isso mesmo! Há poucos dias,
completei 70 anos e, como acredito que faz a maioria das pessoas quando fecham
mais uma década, me foi imperativo parar e refletir sobre passado, presente e
futuro.
Do passado, guardo belas e
inspiradoras lembranças; pesar pelo que não me permiti; teimosas e previsíveis
saudades; a certeza do comprido dever cumprido, muito mais alegrias do que
tristezas. Sei que passado é passado, mas como ele se reflete em cada dia da
nossa vida, registrei, em brevíssimas pinceladas, como convivo com ele.
Passemos, então, ao presente – a
nossa grande certeza. Hoje me sinto feliz por mim e pela família que tenho,
pela convicção de que, como pessoa e cidadã, na medida do possível, dou a minha
contrapartida e colho o que, um dia, semeei. Tenho o carinho da família e o
convívio harmonioso com cada qual a seu modo e também com pessoas amigas de
diferentes idades que acrescentam alegria e dão sentido especial ao meu viver.
E, hoje, ao contrário do que fiz no
passado, me permito o que há alguns anos era impensável: na medida do possível,
só faço o que gosto! Considero um luxo sem igual, embora ainda reste muita
coisa chata a importunar, das quais me livro o mais depressa possível. Foi
nessa vibe, como se diz atualmente,
que me permiti fazer uma tatuagem no braço direito, que é linda! Veja só!
Foi o presente que me dei de 70 anos.
Ela não é uma mera tatuagem que achei bonita... é cheia de significados!
As flores rosadas – equilíbrio
emocional – representam o que recolhi da vida e, agora, compartilho, isto é, as
coisas boas (as que não foram boas, deixei onde estavam), as cinco outras, na
cor violeta – paz interior –, uma homenagem ao Nilceu, meu companheiro e amigo,
há mais de cinco décadas: no centro de cada uma delas a letra N. E a sexta, já desabrochando,
a construção amorosa e solidária de mais uma década! As florzinhas pequenas e
os botões, os sonhos; as folhas verdes, a saúde e as esperanças. Duas mensagens
para mim vitais: Amor e Família. E, também, meus três passarinhos já voando,
mas sempre por perto. Acho que consegui dar a meus filhos raízes e asas.
Estou muito feliz com a minha
tatuagem. Espero que ela possa ser inspiradora tanto para mim como para outras
pessoas que, como eu, nem sempre têm sido permissíveis consigo mesmas.
No futuro quero, com fé, me igualar
e, se possível, superar a minha querida Tia Altiva que, na vitalidade impensada
para seus 92 anos, após um acidente em que perdeu a visão de um dos olhos, me
disse: “É... Aliris, acho que estou começando a envelhecer!” E ainda
acrescentou: “Graças a Deus ainda enxergo e, tenho certeza, logo vou me
adaptar!” Uma das últimas grandes lições que aprendi com ela. Saudades, Tia!
Amorosamente, Aliris
Julho/ 2017