sexta-feira, 21 de maio de 2021

 

TUDO IMPORTA

 

Que nossos pensamentos, palavras e atitudes têm efeito bumerangue, não é novidade para mim, aos 73 anos de idade. Na manhã deste domingo, 10 de janeiro, essa verdade, tantas vezes esquecida, se concretizou diante de mim com toda a clareza do dia ensolarado e me  foi inevitável “filosofar” sobre fatos que, à primeira vista, parecem irrelevantes. Passo, então, a narrar, em breves palavras, o acontecido e a trajetória de meus pensamentos e atos.

                        No meu pátio, tenho uma grande mangueira e a cada ano esse imenso palácio verde, no dizer de Cecília Meireles, que abriga pássaros e insetos de diversas espécies, se enche com seus lindos e suculentos frutos. A abundância é tanta que divido com familiares, amigos, vizinhos e, como ainda são muitas frutas, coloco em caixas na parada de ônibus próxima da minha casa. Enfim, a temporada das mangas (dezembro/janeiro) para mim, se torna um divertido compartilhar que sempre traz surpresas inimagináveis. E, assim como eu, muitos vizinhos fazem o mesmo com as frutas dos seus quintais, o que torna nosso bairro ainda mais especial e solidário e, por isso, tão aconchegante.

Hoje, na minha caminhada habitual, me deparei com duas lindas jacas na beira do caminho! Dias antes a jaqueira carregada já não tinha me passado despercebida. Olhei ao redor e logo entendi! Jacas, mangas e outras frutas já passadas estavam acondicionadas em grandes sacos plásticos para serem levados pelo serviço de limpeza urbana. Mas havia aquelas duas jacas cuidadosamente colocadas na via pública, no caminhozinho que leva ao portão, esperando por quem as quisesse. Diante da interpretação do que vi, na hora, já me senti dona de uma delas! Que delicioso achado!

Como ambas eram muito grandes, não daria conta de carregar nenhuma nem outra. Até em casa, fui pensando nas jacas e qual teria sido a escolhida. Nessa inquietação toda, com a certeza de que uma delas já era minha e de muita gente, resolvi ir, de carro, buscar a preciosidade!

Agora à tarde, a minha jaca já está partida (o que não é tarefa fácil!) e pronta pra ser dividida, enquanto eu estou registrando o fato que movimentou o meu dia, me pôs em contato com pessoas, coisa rara nestes tempos de pandemia e dos novos protocolos das ligações telefônicas. E lembrar que tudo poderia ter passado despercebido, sem a menor importância...

Tanto eu como as pessoas que receberam parte de jaca não teríamos saboreado fruta que raramente faz parte do nosso cardápio e, especialmente aquela, repleta de peculiaridades.

Espero que esta breve reflexão nos sirva não só para aguçar a visão, mas principalmente os sentimentos para tudo e todos que nos rodeiam a fim de que possamos enxergar a beleza nem sempre evidente, mas constante.

E, para finalizar, cabe lembra Saint-Exupéry: “Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível para os olhos!”.

 

 

Amorosamente, Aliris

Brasília/2021

 

 

 

Um comentário:

  1. Prima, adoro ler seus textos. Hoje li o que você escreveu em junho sobre a sua família. Tão enternecedor. E por isso, te agradeço. Beijos da Antônia (Panamá).

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