sexta-feira, 30 de outubro de 2020

 

RESENHA






As Ondas, da autoria da inglesa Virginia Woolf, com tradução para o português de Lya Luft, Editora Nova Fronteira, Coleção Grandes Romances, hoje com edição esgotada, disponível somente em sebos, é um clássico para ser lido, relido, pensado, repensado.

Eu o li no início da quarentena e – confesso – como todo clássico precisa ser primeiramente entendido para que se possa abstrair todo o sentido e, assim, chegar à sua essência.

Esse romance nos apresenta seis personagens da infância à maturidade além do silencioso Percival, ao redor de quem gira a vida dos outros, que morreu cedo, mas continuou no meio dos demais. O tema central são as experiências, as identidades e a passagem do tempo sob a ótica da essência espiritual da vida e não de seus aspectos materiais. Não é uma história com começo, meio e fim. Os seis personagens estão imersos em seus monólogos, que a autora chama de “solilóquios dramáticos”, e o mundo é vivido por eles como o lugar da impossibilidade de ser aquilo que gostariam de ter sido.

As sete sessões do livro fazem uma analogia entre as fases do dia, do amanhecer ao anoitecer, e as vozes das personagens da infância à maturidade. Numa prosa – quase poesia – acabamos conhecendo as seis personagens: seus anseios, angústias, amores, decepções.

Embora o romance tenha muito de autobiográfico, Virginia Woolf se afastou, o quanto pôde do pessoal para expressar o coletivo e afirmou que escreveu As Ondas “tendo em vista o ritmo e não o enredo”.

Nas palavras de Marguerite Yourcenar, sua tradutora para o francês, a obra “tanto quanto uma meditação sobre a vida apresenta-se como um ensaio sobre o isolamento humano”.

 

Aliris, outubro de 2020

 

 

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