RESENHA
As Ondas, da
autoria da inglesa Virginia Woolf, com tradução para o português de Lya Luft, Editora
Nova Fronteira, Coleção Grandes Romances, hoje com edição esgotada, disponível
somente em sebos, é um clássico para ser lido, relido, pensado, repensado.
Eu o li no início da quarentena e –
confesso – como todo clássico precisa ser primeiramente entendido para que se
possa abstrair todo o sentido e, assim, chegar à sua essência.
Esse romance nos apresenta seis
personagens da infância à maturidade além do silencioso Percival, ao redor de
quem gira a vida dos outros, que morreu cedo, mas continuou no meio dos demais.
O tema central são as experiências, as identidades e a passagem do tempo sob a
ótica da essência espiritual da vida e não de seus aspectos materiais. Não é
uma história com começo, meio e fim. Os seis personagens estão imersos em seus
monólogos, que a autora chama de “solilóquios dramáticos”, e o mundo é vivido
por eles como o lugar da impossibilidade de ser aquilo que gostariam de ter
sido.
As sete sessões do livro fazem uma
analogia entre as fases do dia, do amanhecer ao anoitecer, e as vozes das
personagens da infância à maturidade. Numa prosa – quase poesia – acabamos
conhecendo as seis personagens: seus anseios, angústias, amores, decepções.
Embora o romance tenha muito de
autobiográfico, Virginia Woolf se afastou, o quanto pôde do pessoal para
expressar o coletivo e afirmou que escreveu As
Ondas “tendo em vista o ritmo e não o enredo”.
Nas palavras de Marguerite Yourcenar,
sua tradutora para o francês, a obra “tanto quanto uma meditação sobre a vida apresenta-se
como um ensaio sobre o isolamento humano”.
Aliris, outubro de 2020
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