sábado, 16 de março de 2013

O BUMERANGUE DO AFETO

Meu neto, Eduardo, hoje com 10 anos, continua a me surpreender. Ele, como todo neto, é lindo e muito inteligente, mas tenho certeza – os outros avós que me perdoem – ele é um pouquinho mais: sabe, em poucas palavras ou sutis comentários, explicar o que para nós, adultos, não é fácil de expressar.
Ele é filho de Mauren, minha filha mais moça, que, ao ser mãe, viu-se na contingência de tornar-se “pãe”. Diante dessa situação, sem assumir a educação de Eduardo, também me vi na contingência de dar a ela apoio irrestrito. E assim tem sido: Mauren e eu somos companheiras para resolver as mais diversas situações, tais como festas de aniversário, comparecer ao colégio em datas comemorativas ou quando o comportamento de Eduardo exige a presença da família, decidimos juntas as atividades extracurriculares, levar a médicos, dentistas, hospitais, quando necessário. Muitas vezes, nas impossibilidades da mãe, em razão de inadiáveis compromissos profissionais, apenas eu o acompanho nas emergências de saúde. Como se sabe, com criança sadia também acontecem corre-corres: febre alta, tombo, dor de barriga, bicho-de-pé, piolho e tudo mais que um garoto saudável tem de enfrentar.
Em todas as ocasiões em que ele precisou passar por “apertos”, eu segurei forte na mão dele e disse – diante da minha limitação humana: “ – Eduardo, eu estou aqui contigo!” E, assim, fomos resolvendo cada situação.
Sempre achei que estava fazendo o que era possível para o momento, mas não sabia o quanto a presença, o segurar na mão e aquelas palavras eram importantes para ele e o marcaram tanto.
Quando tia Raquel decidiu fazer uma tatuagem, Eduardo, ao saber que ela ia sozinha, decidiu acompanhá-la. Logo de início, ficou um pouco afastado, mas quando a viu fazer “caras de dor”, logo se aproximou, pegou-lhe pela mão e disse: “– Tia Raquel, eu estou aqui com você!”
Esse fato me emocionou sobremodo porque pude confirmar o que sempre pensei: todo amor, carinho, compreensão, apoio que damos a uma criança retorna ampliado: sim, ampliado, porque eu sou adulta e ele, conforme explica, pré-adolescente, teve desprendimento para acordar cedo numa manhã de sábado e ser o companheiro e o apoio da tia.
E, ainda, dentro do meu contexto familiar, repito o que sempre ouvi de minha mãe, também educadora: “As palavras comovem, os exemplos arrastam!”
Educar pelo exemplo, ser presença nas horas boas e ruins, brincar com as crianças, conversar com elas, escutá-las atentamente e aguçar a sensibilidade para perceber o que dizem nas entrelinhas é nosso dever de pais, avós e educadores. E, principalmente, amarmos nossas crianças quando elas menos merecerem porque é quando elas mais precisam.
 Nunca se pode esquecer: “A semeadura é livre; a colheita, obrigatória!”

                                                      

       Aliris Porto Alegre dos Santos
            Mãe, avó, educadora 

             Brasília, 26.02.2013
 
 

 

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